Da análise do diagrama da página 13, observamos que o hebraico pertence ao grupo setentrional dos idiomas semíticos. O nome semítico é proveniente de Sem (filho mais velho de Noé). Essa ramificação das línguas semíticas deu origem ao acádico, ao aramaico e ao cananita.
Acádico
É o ramo mais antigo. Possui documentos que datam do terceiro milênio a.C. Reúne o assírio, o babilónico e um grande número de tábuas de argila com escritas cuneiformes datadas dessa época.
Aramaico
Ramo de grande importância dos idiomas semíticos. Em seu espantoso crescimento, suplantou o acádico, inicialmente como língua escrita e, posteriormente, como língua falada. Com o passar do tempo, avançou também sobre as línguas cananitas, tendo inclusive aparecido no Antigo Testamento nos textos de Esdras 4.8-6.18; 7.12-26, Daniel 2.4-7.28, Jeremias 10.11 e em duas palavras de Gênesis 31.47, que descrevem um “curioso” diálogo entre Jacó e seu tio Labão. O primeiro falando em hebraico e o segundo, em aramaico.
Cananita
Neste ramo concentra-se nosso maior interesse, pois nele está inserido o objeto do nosso estudo. Dele surgiu o hebraico bíblico, que estudaremos neste módulo, e suas demais ramificações que, pelo fato de não ser o nosso objetivo abordá-las, não serão objeto de nosso estudo.
Hebraico mishnaico
Era o hebraico falado na época de Jesus. Falado na Judéia até o final do século II e início do século III. Já não era a língua dominante na época, em conseqüência da ocupação do império romano, que era carregado de aramaísmos e influências greco-romanas.
Hebraico medieval
Não é mais a língua falada cotidianamente, embora ainda seja utilizada pelos eruditos nas áreas de filosofia, poesias e gramáticas.
Hebraico moderno
Ouve um tempo em Israel em que se falava de tudo, menos o hebraico. Até que surgiu um pioneiro chamado Eliézer Bem Yehuda (1858-1922) que decidiu, a todo custo, restaurar a língua hebraica aos padrões do hebraico bíblico. Perseguindo seu objetivo, Yehuda tomou medidas polêmicas como a de alfabetizar e educar seu filho em hebraico numa época em que esta língua já não era mais comumente falada pelo povo. Bem-sucedido em tudo o que se propôs, Yehuda é um dos responsáveis pelo fato de o hebraico moderno ter hoje uma estreita ligação com o hebraico bíblico.
Hebraico bíblico
No Antigo Testamento é chamado de “a língua de Canaã” (Is 19.18), ou “judaico” (2Rs 18.26; Is 36.11; Ne 13.24). A designação “hebraico” tal qual a conhecemos hoje foi vista pela primeira vez no livro de Ben-Siraque, aproximadamente no ano 130 a.C .
Por ser uma língua semítica, o hebraico compartilha com as línguas de seu ramo características interessantes, tais como a escrita da direita para a esquerda e a raiz triconsonantal, que serve como uma espécie de “base” para uma extraordinária série de padrões vocálicos.
O que mais caracteriza o estilo hebraico e nos ajuda a distinguí-lo dos demais é o seu reduzido sentido de abstração. O idioma emprega termos físicos para descrever estados psicológicos e órgãos do corpo para descrever atitudes mentais. Assimilando isto compreenderemos a dificuldade que pessoas de origem indo-européia como nós, têm em desassociar da mente o sentido “literal” que passagens bíblicas do Antigo Testamento despertam em nossa mente. Tal dificuldade acentua-se quando nos deparamos com livros como o de “Cantares”, onde esses exemplos são vistos de forma mais intensa.